Mato Grosso vive um cenário preocupante na educação: em apenas cinco anos, o número de professores caiu quase 30%. Em 2019, o estado contava com 57 mil docentes, mas em 2024 esse número despencou para 40.293 — uma perda de mais de 16 mil profissionais.
Neste 15 de outubro, Dia do Professor, a data ganha contornos de reflexão e alerta. O que antes era símbolo de prestígio e vocação, hoje enfrenta abandono, descrença e falta de incentivos.
Os dados mostram que a crise não é nova. Em 2022, Mato Grosso registrou o menor número de professores desde 2013: 34.436. Houve leve recuperação em 2023, com 35.124, e um salto mais expressivo neste ano, mas ainda muito abaixo do patamar de 2019. Entre 2015 e 2021, o estado manteve uma média de mais de 47 mil educadores.
A professora Dominga dos Santos Sobrinha, 46 anos, que leciona Língua Portuguesa em Cuiabá, explica que a falta de valorização financeira é um dos principais fatores que afastam novos profissionais e sobrecarregam quem permanece.
“Muitos acabam aumentando a carga de trabalho para suprir necessidades básicas. Isso tem custado parte da saúde mental e da qualidade de vida”, lamenta.
Apesar das dificuldades, Dominga diz que o contato com os alunos ainda é o combustível para continuar:
“Gestos simples como desenhos, flores colhidas no caminho da escola e mensagens de gratidão renovam o ânimo de seguir em frente.”
A docente Isadora Wogel compartilha da mesma visão e reforça que, mesmo diante dos desafios, a docência é uma das mais belas formas de transformar a sociedade.
“Ser professora hoje exige força, paciência e muito amor pelo que se faz. Não é fácil, mas para quem tem propósito, vale a pena.”
Em meio à queda no número de profissionais e à luta por valorização, o amor pelo ensino ainda é o que sustenta a sala de aula — um ato de resistência e esperança em tempos de incerteza.
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