
O Ministério Público Eleitoral em Mato Grosso recomendou a cassação de todos os vereadores eleitos pelo Partido Progressistas (PP) em Campo Novo do Parecis, apontando fraude à cota de gênero nas eleições de 2024. O parecer, assinado pelo procurador regional eleitoral Pedro Melo Pouchain Ribeiro, também solicita a nulidade dos votos recebidos pela sigla e a declaração de inelegibilidade de duas candidatas envolvidas.
De acordo com o documento, as candidaturas de Jackeline Freitas da Silva, conhecida como “Jacke do Uber”, e Eva Alves de Sousa, registrada como “Eva Silva”, foram utilizadas apenas para simular o cumprimento da cota de 30% de candidaturas femininas exigida por lei. Ambas não realizaram campanha efetiva e apresentaram prestações de contas simbólicas. Eva teve zero votos, e Jacke apenas sete.
Entre os indícios levantados, consta a movimentação atípica de Eva Silva, que chegou a renunciar e depois desistiu da renúncia em um intervalo de dois dias, impedindo a substituição por outra mulher. Também foi apurado que o marido de Jacke do Uber atuou diretamente na campanha de uma outra candidata do partido, reforçando a tese de candidatura fictícia.
O Ministério Público sustenta que houve desvirtuamento claro da legislação e pede a cassação do DRAP do PP. Se o Tribunal Regional Eleitoral acolher o parecer, os vereadores eleitos pela legenda perderão seus mandatos e uma nova distribuição de cadeiras na Câmara será realizada, desconsiderando os votos do partido.
O caso reforça a discussão nacional sobre fraudes na política de cotas de gênero, criada para ampliar a participação feminina nas eleições, mas frequentemente usada de forma meramente formal por partidos políticos.