O município de Sorriso (MT) ultrapassou Ribeirão Preto (SP) em produção total de etanol, marcando uma virada histórica no setor energético brasileiro. A tradicional “capital mundial da cana-de-açúcar” está sendo superada pela nova potência do etanol de milho, que consolida sua liderança no cenário nacional.
Mais do que um feito estatístico, esse avanço representa uma mudança estrutural profunda: o centro de gravidade da bioenergia brasileira está se deslocando do litoral para o interior do país. A expansão da produção em regiões como o Mato Grosso mostra a força do investimento privado aliado à tecnologia e à gestão moderna.
As consequências desse movimento já são visíveis:
O Rio Grande do Sul, que hoje importa 99% do etanol que consome, passará a produzir 23% de sua demanda com apenas um projeto em construção (Be8);
O Brasil se consolida como exportador global de DDG, coproduto usado na alimentação animal, fortalecendo simultaneamente a segurança energética e alimentar;
Novos polos produtivos e fluxos comerciais estão surgindo, reposicionando o Brasil como protagonista na transição energética global.
Segundo Francisco Jardim, cofundador e sócio-diretor da SP Ventures, “o que ocorre em Sorriso é mais do que milho superando cana: é a renovação do papel do Brasil na transição energética global, movida por tecnologia, capital e empreendedorismo” (07/10/25).
Investimentos bilionários devem dobrar a produção
Com R$ 40 bilhões em investimentos previstos, o setor de etanol de milho deve dobrar seu parque industrial e expandir para seis novos estados. Atualmente, o país conta com 24 usinas, sendo 10 no Mato Grosso e 7 em Goiás. Segundo a Unem (União Nacional do Etanol de Milho), há 38 novas unidades programadas, das quais 18 serão instaladas no Mato Grosso.
A ascensão de Sorriso sinaliza uma nova etapa da bioenergia brasileira — mais descentralizada, tecnológica e integrada ao agronegócio moderno.