A atuação do presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Mato Grosso (CRECI-MT), Claudecir Contreira, tem sido alvo de questionamentos por parte de profissionais do mercado imobiliário em razão de posicionamentos públicos distintos adotados em momentos diferentes no debate sobre o IPTU em Cuiabá.
Durante a gestão do então prefeito Emanuel Pinheiro, Claudecir Contreira manifestou-se publicamente de forma favorável à atualização da Planta Genérica de Valores, discutida à época, que poderia resultar em reajustes do IPTU. O percentual é semelhante ao que atualmente provoca preocupação entre contribuintes e integrantes do setor imobiliário.
Já em 2025, após a aprovação do IPTU e da atualização da Planta Genérica de Valores sob a atual gestão municipal, o presidente do CRECI-MT passou a adotar um discurso crítico à medida, utilizando redes sociais e veículos de imprensa para informar que o conselho avalia a possibilidade de questionar judicialmente o tema junto à Prefeitura de Cuiabá, quando em novembro de 2025 ele era favorável ao aumento.
A mudança de posicionamento gerou reações entre nós corretores de imóveis, que passamos a questionar os fundamentos técnicos e institucionais da nova postura. Parte dos profissionais que conversei afirmam não ter conhecimento prévio de deliberação formal, assembleia ou consulta ampla à categoria sobre a intenção de eventual medida judicial. Segundo esses corretores, a ausência de comunicação institucional mais clara causou surpresa e insegurança no setor.
“Faltou diálogo com a base. Muitos corretores ficaram sabendo pela imprensa”, relatou um profissional, ressaltando que a crítica diz respeito ao processo decisório e não à legitimidade do debate sobre o IPTU.
Para integrantes do mercado, o contraste entre os posicionamentos adotados em 2022 e 2025 levanta questionamentos sobre os critérios utilizados pelo conselho para se manifestar institucionalmente, especialmente em um tema sensível como a tributação imobiliária. Esses profissionais defendem que decisões dessa natureza sejam amplamente discutidas internamente, de forma transparente e participativa.
Nos bastidores do setor, também se comenta a possibilidade de Claudecir Contreira disputar cargos eletivos nas eleições de 2026. Embora não haja confirmação oficial, a proximidade do calendário eleitoral e os anúncio feitos por Fagundes e Janaina Riva reforça, para alguns corretores, a necessidade de maior cautela na atuação pública de dirigentes de conselhos profissionais, que são autarquias federais e devem observar os princípios da impessoalidade, transparência e representatividade.
O CRECI-MT, enquanto entidade responsável pela fiscalização e defesa do exercício profissional, desempenha papel relevante no mercado imobiliário e, por isso, suas manifestações públicas tendem a gerar impactos amplos. Profissionais ouvidos defendem que divergências internas sejam tratadas com diálogo e que posicionamentos institucionais estejam amparados em decisões colegiadas sempre que possível.
O Plantão CNP ressalta que o debate sobre IPTU, justiça fiscal e política urbana é legítimo e necessário. Da mesma forma, reforça seu compromisso com o contraditório e coloca o espaço à disposição do presidente do CRECI-MT para esclarecimentos, caso queira explicar os fundamentos técnicos de sua mudança de posicionamento, bem como informar se houve deliberação institucional sobre a eventual adoção de medidas judiciais.
Artigo: cleo Bagatini
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