A gestão de Claudecir Roque Contreira à frente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Mato Grosso (CRECI-MT) vem sendo marcada por uma sucessão de escândalos, acusações graves e denúncias explosivas que colocam em xeque sua permanência no cargo.
Entre as acusações que já recaem sobre o presidente estão acobertamento de assédio sexual, prática de assédio moral contra funcionária, racismo e preconceito, perseguição profissional a corretores, além de prevaricação e uso da estrutura da autarquia para eliminar concorrentes do mercado. Some-se a isso a condenação do Tribunal de Contas da União (TCU), que o obrigou ao pagamento de multa e o proibiu de ocupar cargos públicos por cinco anos, bem como a demissão em massa de 93% dos servidores do conselho, substituídos por contratações apontadas como irregulares.
O escândalo do ex-marqueteiro
Uma nova denúncia, revelada em processo judicial, envolve o ex-marqueteiro do CRECI-MT. Ele afirma que Claudecir tentou forçá-lo a assinar a quitação de uma dívida de campanha eleitoral com sua empresa de marketing. Em contrapartida, o pagamento seria feito de forma indireta, por meio de serviços contratados e pagos pelo próprio conselho.
No mesmo processo, uma carta anexada por um ex-colaborador denuncia que diversos profissionais pediram demissão por não suportarem a pressão psicológica e os abusos cometidos pelo presidente.
Esquema para barrar profissionais de outros estados
Reportagem do portal Terra expôs outro ponto delicado: um possível esquema dentro do CRECI-MT para dificultar o registro de corretores formados em outros estados. A manobra é vista por entidades do setor como protecionista e ilegal, beneficiando grupos locais com vínculos diretos à atual gestão, tendo como principal articulador o próprio presidente Claudecir Contreira.
Influência política e denúncias ainda mais graves
Corretores denunciam que Claudecir se apoia em políticos influentes de Mato Grosso e do alto escalão da República, entre senadores e deputados, para intimidar opositores e críticos. As estratégias incluem avalanche de processos judiciais e perseguições dentro da instituição contra quem tenta denunciá-lo.
Em episódio ainda mais grave, nossa reportagem teve acesso a um boletim de ocorrência registrado por um corretor do interior que afirma ter sido ameaçado de morte por integrantes de uma organização criminosa. Segundo a denúncia, o grupo estaria ligado ao presidente do CRECI-MT e a outros investigados.
O corretor relata que hoje não consegue mais trabalhar, vive amedrontado e tem sua saúde psicológica comprometida por esse verdadeiro ato de terror.
Até quando a omissão das autoridades?
A sucessão de acusações levanta questionamentos sobre a postura de órgãos de fiscalização e controle. Corretores e ex-funcionários se perguntam: até quando o Ministério Público Federal e a Justiça permanecerão de braços cruzados diante de fatos tão graves?
“Será preciso ocorrer uma tragédia para que alguém tenha coragem de agir contra esse grupo? Hoje vivemos um verdadeiro terrorismo psicológico, profissional e institucional”, desabafou um corretor em entrevista, pedindo anonimato por medo de represálias.
O silêncio também recai sobre o presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI), João Teodoro, que permanece calado apesar de estar ciente das inúmeras denúncias contra Claudecir Contreira. Há relatos de que o próprio João teria aceitado recuar auditores do COFECI quando Claudecir impediu a fiscalização no CRECI-MT, conforme admitiu em conversa telefônica com outro corretor.
Surge, então, a pergunta: o que explica esse silêncio? Favores políticos? Medo? Ou prevaricação?
Quem protege Claudecir Contreira?
No centro desse emaranhado de escândalos, uma pergunta é inevitável: quem está por trás da blindagem política que sustenta Claudecir no comando do CRECI-MT?
Corretores exigem que os nomes dos políticos que dão sustentação a esse esquema sejam revelados, para que a sociedade conheça a verdadeira face daqueles que, em vez de defender a categoria e a legalidade, estariam acobertando um presidente acusado de práticas criminosas.
Para finalizar, um corretor ouvido pela reportagem afirmou:
“Se as autoridades tiverem coragem de investigar a fundo, ao menos 20 pessoas não escaparão da cadeia — entre elas, Claudecir Contreira.”