agosto 28, 2025
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Facção Infiltra Ala LGBTQIA+ em Presídio, Extorque Famílias e Aterroriza

Cartas escritas por presos revelam esquema de extorsão de até R$ 5 mil sob ameaça de morte, tortura e tráfico de drogas no presídio Ahmenon Lemos Dantas. Denúncias mencionam inércia da direção e relembram assassinato de detenta trans. VÁRZEA GRANDE, MT – Um grupo de criminosos faccionados se infiltrou na ala destinada à população LGBTQIA+ do Centro de Ressocialização Industrial Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande, instaurando um regime de terror baseado em extorsão, tortura e ameaças de morte. Em cartas de socorro, detentos relatam que são forçados a pedir que suas famílias depositem até R$ 5 mil para garantir suas vidas.

A ala, conhecida como Raio 4, que deveria ser um espaço de maior segurança para cerca de 60 reeducandos, foi dominada por pelo menos oito membros de uma facção. “Há uma quadrilha que adentrou no Raio 4. […] Eles estão nos extorquindo e roubando, armados, querendo também disseminar a ideologia da facção”, diz um dos relatos.

O esquema criminoso inclui, além da extorsão, o controle do tráfico de drogas na unidade, com a venda de maconha, cocaína e sintéticos. Segundo as denúncias, um dos líderes do grupo seria integrante do Comando Vermelho, responsável por ordenar os “salves” (punições ou execuções).

Relatos de Desespero

As cartas revelam a brutalidade da situação. “Uma das vítimas conta que ficou quatro dias sendo torturada, ameaçada e extorquida […] para que a família desse R$ 5 mil para garantir a vida da mesma. Estou com medo de morrer, todo dia sofro ameaças. Venho suplicar por socorro”, escreveu um detento.

O desespero se estende aos familiares. A mãe de um preso contou que foi coagida a pagar R$ 1 mil para que o filho não fosse assassinado, após negociar com os criminosos por não ter os R$ 5 mil iniciais. “Me diz como você denuncia aqui fora, se lá dentro continua a mesma coisa e os nossos filhos podem acabar pagando pelas consequências?”, questiona.

O Fantasma da Impunidade

O medo é intensificado pela lembrança da morte de Gabi, nome social de Thiago Henrique Varcondi, uma detenta trans de 37 anos, espancada até a morte em julho de 2024 na mesma unidade. Ela morreu três dias após o crime, e imagens de câmeras de segurança mostraram detentos abaixando os equipamentos antes do ataque.

Os detentos afirmam que a direção do presídio já foi informada sobre a situação atual, mas nenhuma providência foi tomada. “Eles quem devem ser punidos […] para não voltar a gestão da impunidade e permitir que outro LGBTQIA+ seja morto, como aconteceu com a Gabi”, finaliza uma das cartas. FONTE:FOLHAMAX

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