O Grupo Velke, com atuação há mais de quatro décadas em Campo Novo do Parecis e Diamantino, teve o pedido de recuperação judicial autorizado nesta semana pela 1ª Vara Cível de Cuiabá. A medida expõe as dificuldades de acesso ao crédito que o agronegócio tem enfrentado no atual cenário político e econômico.
As dívidas do grupo somam mais de R$ 71 milhões, em sua maioria de origem bancária. No pedido, a empresa argumenta que fatores externos têm pesado fortemente na crise, entre eles a elevação das taxas de juros, que encareceu as operações vinculadas ao CDI, e a escassez de linhas de financiamento para o setor.
Além da dificuldade de crédito, o grupo também enfrentou perdas climáticas severas, embargo ambiental em área arrendada, atrasos em recebimentos, queda no preço da soja e variação cambial, o que comprometeu ainda mais a saúde financeira da empresa.
Crescimento dos pedidos de RJ
O caso do Grupo Velke segue a tendência de aumento expressivo dos pedidos de recuperação judicial no agronegócio. Segundo a Serasa Experian, apenas no primeiro trimestre deste ano foram protocolados 638 pedidos.
Em 2024, o país registrou 2.273 solicitações de RJ, um crescimento de 61% em relação a 2023, configurando o maior volume da década. Desse total, 1.272 foram de empresas ligadas ao agronegócio.
Para especialistas, os principais entraves seguem sendo os juros elevados e as exigências de mitigação de risco, que acabam inviabilizando operações de grande porte, típicas dos contratos do setor.
No pedido à Justiça, o Grupo Velke destacou que a situação não se deve apenas a fatores internos, mas a um conjunto de adversidades externas e à ausência de políticas públicas eficazes voltadas ao agronegócio, reforçando que o crédito disponível no mercado se mostra restrito, caro e burocrático.