A irregularidade das chuvas continua sendo o maior problema enfrentado pelos agricultores do médio-norte de Mato Grosso. No terceiro episódio do projeto Mato Grosso Clima e Mercado, da Aprosoja-MT, representantes dos núcleos de Tapurah, Ipiranga do Norte e Sorriso relataram atrasos no plantio, necessidade de replantio e uso de irrigação para tentar salvar a safra 2025/26.
O vice-presidente Norte da Aprosoja-MT, Diogo Balistieri, conversou com três produtores que descreveram uma das situações mais desafiadoras dos últimos anos.
Em Tapurah, o delegado coordenador Regis Porazzi contou que faz replantio de cerca de 10% da área por falta de chuva suficiente para o desenvolvimento da soja. Ele relatou ter precisado interromper o processo até mesmo no período do replantio. Segundo Porazzi, esse atraso compromete o plantio do milho 2ª safra e aumenta significativamente o custo de produção, com maior exposição da lavoura a doenças como mosca-branca, percevejo e fungos típicos de janeiro e fevereiro.
No município de Ipiranga do Norte, o delegado Vitor Gatto afirmou que também enfrentou chuvas mal distribuídas, com precipitações ocorrendo apenas em pontos isolados. Para evitar perdas ainda maiores, precisou recorrer à irrigação por pivô, medida que elevou os custos devido ao alto preço da energia. Mesmo assim, Gatto estima redução na produtividade, já que a soja está no estágio reprodutivo e requer mais água.
Em Sorriso, o delegado Diogo Damiani relatou que a falta de chuvas em outubro, apenas 18 mm nos últimos 30 dias — resultou em um dos plantios mais longos da história do município, finalizado apenas em 5 de novembro. Damiani destacou ainda a falta de armazenagem na região, apontando que Sorriso possui apenas 50% da capacidade necessária, o que obriga produtores a recorrer a bolsões.
O episódio do MT Clima e Mercado reforça o cenário de preocupação entre os agricultores: falta de chuva, aumento dos custos, replantio, uso de pivô e atrasos generalizados no plantio. Segundo a Aprosoja-MT, o objetivo é dar visibilidade à realidade enfrentada no campo e alertar para os impactos climáticos e logísticos sobre a produção estadual.







