Muito tem se cobrado do prefeito Edilson Piaia e da gestão municipal diante dos problemas graves na saúde de Campo Novo do Parecis, especialmente no Hospital Municipal. A população pede soluções urgentes, mas, ao mesmo tempo, a Câmara Municipal trabalha para aumentar seu próprio orçamento de maneira silenciosa e pouco discutida.
Hoje, o repasse gira em torno de R$ 15 milhões. Para 2026, alguns vereadores querem elevar esse valor para aproximadamente R$ 20 milhões. Isso significa um aumento de 5 milhões de reais, ultrapassando em mais de 50% o que a Câmara realmente gastou em 2024, quando fechou o ano com pouco mais de R$ 12 milhões. Mesmo em 2025, mantendo a mesma estrutura física, o mesmo quadro de servidores e os mesmos serviços internos, a Câmara já passou dos R$ 15 milhões em despesas. Nada mudou. Não houve aumento de funções, não surgiu nova demanda, não houve crescimento administrativo. Ainda assim, querem quase 20 milhões.
E é aí que surge a pergunta inevitável: por que ampliar o gasto político enquanto falta estrutura, leitos, médicos e atendimento digno no hospital municipal? Se Campo Novo vive uma crise real na saúde, por que os 5 milhões extras pretendidos pela Câmara não são destinados para iniciar a construção do novo hospital, ampliar a UPA, comprar medicamentos ou reforçar equipes de plantão? Qual é a justificativa para buscar quase 7 milhões a mais do que aquilo que foi gasto em 2024?
A incoerência fica ainda mais evidente quando observamos que alguns vereadores que aparecem em vídeos, lives e redes sociais cobrando melhorias, reclamando da falta de remédio e criticando o Hospital Municipal, são os mesmos que apoiam o aumento milionário do orçamento do Legislativo. O discurso público não combina com a prática interna. Dizem defender o povo, mas, nos bastidores, buscam ampliar gastos próprios. Criticam a saúde, mas não destinam recursos. Falam em transparência, mas silenciam sobre o aumento do duodécimo.
A população precisa compreender que prefeito não legisla: executa. Quem define leis, orçamento e prioridades do município são os vereadores. Por isso, a pergunta é direta e urgente: o cidadão prefere ver milhões sendo usados para custear diárias, viagens, gabinetes e reestruturações, ou prefere ver investimento na saúde, na construção de novos leitos, em médicos, em equipamentos e em atendimento digno?
Campo Novo do Parecis vive um momento decisivo. É hora de cobrar coerência, responsabilidade e escolhas que realmente priorizem vidas — e não estruturas políticas que já custam caro demais.






